segunda-feira, fevereiro 21, 2022

Sambári love #3: gravaram e vazaram

Roosevelt Bala, baixista/vocalista do Stress, na Rock Brigade sobre as gravações do pioneiro álbum de estreia, de 1982.


Rock Brigade — Na época, foi preciso um patrocínio da Pepsi pra finalizar o LP (havia até um logotipo da Pepsi no disco original). Como rolou tudo aquilo?

Roosevelt Bala — Os custos de gravação de um LP naquela época eram altíssimos, algo em torno do valor de um apartamento quarto e sala. Fomos aconselhados a gravar no Rio, pois lá havia estúdios próprios pra gravar rock. Vendemos o que tínhamos, pedimos pros pais e emprestamos dinheiro de amigos, tudo pra gravar onde fosse melhor. Fomos de ônibus pro Rio, ficamos todos alojados em beliches, num único quarto de uma pensãozinha, no Catete. Fizemos a gravação às pressas, a grana tava curta. Terminamos tudo em 16 horas, mas ainda ficaram alguns erros que não deu pra corrigir. Na hora da mixagem foi que percebemos que os caras não sacavam nada de gravar rock pesado. O som dos instrumentos estavam toscos, sem brilho e nem qualidade, muito diferente do que estávamos acostumados a ouvir nos discos de bandas estrangeiras. Não havia mais dinheiro pra refazer nada, teríamos de pagar extras pela mixagem. Esperamos o técnico de som ir ao banheiro e fugimos com a fita mixada, não havia outra solução. Desculpem o calote...

Rock Brigade — Como a Pepsi entrou na história?

Roosevelt Bala — Relutamos muito em lançar o disco, estávamos decepcionados com o resultado. Pra não perder o dinheiro investido, resolvemos fazer 1000 cópias só para registrar as obras. Conseguimos o dinheiro da prensagem, mas ainda faltavam as capas. Foi aí que a Pepsi entrou com o patrocínio somente das capas. Em troca, perpetuou seu logo na história do rock. Achamos que ficou horrível, grande demais pra pouca grana investida. Mas, não tínhamos mais de onde tirar grana.




Um preço pequeno a (não) pagar para realizar o 1º disco de heavy metal da América Latina.

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