terça-feira, agosto 12, 2025

Relembrando Mark Gruenwald

We lost Mark Gruenwald on this day in 1996 at the shockingly-young age of 43. Mark was one of the most important...

Publicado por J.M. DeMatteis em Terça-feira, 12 de agosto de 2025


“Perdemos Mark Gruenwald neste dia de 1996, com a idade surpreendentemente jovem de 43 anos. Mark foi um dos criadores mais importantes — não, não apenas um criador, uma força criativa — na história moderna da Marvel. Ele amava quadrinhos com uma paixão quase transcendente, um entusiasmo sem limites — e esse entusiasmo permeava tudo o que ele fazia. Como editor, ele guiou alguns dos maiores personagens da Marvel por séries memoráveis e foi o principal arquiteto por trás do gigantesco Handbook of the Marvel Universe. Como escritor, ele foi coautor da primeira minissérie da Marvel, Torneio de Campeões, escreveu uma das primeiras e melhores desconstruções de super-heróis, Esquadrão Supremo, e teve uma clássica série de dez anos do Capitão América. Mais importante do que tudo isso: Mark era uma pessoa verdadeiramente boa.

Nos anos 1980 e 1990, uma ida da minha casa no interior de Nova York aos escritórios da Marvel geralmente significava que eu passava o dia inteiro lá — não apenas discutindo trabalho com meus editores, mas também colocando o papo em dia, discutindo (para usar uma frase) a vida, o universo e tudo mais com uma equipe editorial extraordinária que incluía Danny Fingeroth, Tom DeFalco, Bob Budiansky, Carl Potts, Mike Carlin e Ann Nocenti. O escritório de Mark era sempre uma das minhas primeiras paradas. Gruenwald era inteligente, charmoso, engraçado, genuíno — e eu sempre esperava ansiosamente por nossas conversas. Quando ele assumiu como editor de Capitão América, substituindo o erudito e amável Jim Salicrup, não houve a fase de ‘nos conhecermos’, nem ficarmos circulando um ao outro com cautela, imaginando se essa parceria daria certo. Não, começamos com tudo: nosso relacionamento já estava construído sobre uma base de respeito mútuo, tanto criativo quanto pessoal.

O conhecimento de Mark sobre o Universo Marvel era profundo — muito mais profundo que o meu, e eu era um fã bastante obsessivo — e uma das coisas que eu gostava de trabalhar com ele eram os desafios que ele me lançava. Sabendo da minha propensão a investigar a mente dos vilões, ele escolhia um vilão — a Víbora, o Porco-espinho, o Espantalho — e pedia uma abordagem nova e mais aprofundada. Se eu não conhecesse o personagem, ele me contava a história dele. Então, trocávamos ideias — de certa forma, a melhor parte do trabalho — e eu saía para escrever a história. Mark não era o tipo de editor que ficava sentado no seu ombro, questionando cada escolha criativa, cada linha de diálogo, cada reviravolta. Eu tinha liberdade ao escrever essas histórias. Liberdade para levar o Capitão América em qualquer direção que eu escolhesse, seguindo meu próprio caminho criativo. E se, ocasionalmente, essa estrada estivesse levando à beira do precipício — todos os escritores erram de vez em quando, é por isso que Deus criou os editores — Mark estava sempre lá para gentilmente me puxar de volta.

Uma das minhas lembranças favoritas de Mark envolve o épico de três partes do Deathlok que se tornou a história final do Capitão América ilustrada por Mike Zeck e John Beatty. Eu tinha lido alguns dos primeiros quadrinhos do Deathlok, mas não estava intimamente familiarizado com a mitologia complexa construída pelos criadores Rich Buckler e Doug Moench e continuada por outros escritores. Mark, claro, estava — e, sabendo que 1983 (o ano em que estávamos criando essas histórias) também foi o ano em que o Comando N iniciou o Expurgo que criou o futuro do Deathlok (viu? Eu disse que era complexo), ele sugeriu que fizéssemos uma história baseada nisso, unindo o Capitão América e o Deathlok para impedir que aquele futuro distópico acontecesse. (E também explicar por que o Universo Marvel de 1983 não era um inferno apocalíptico.)

Quando expressei alguma hesitação — toda essa história de fundo parecia complexa demais para o meu gosto —, Mark foi além: criou um documento e uma linha do tempo detalhada que explicava claramente toda a história de Deathlok e seu mundo e para onde tudo poderia ir a partir dali. (Eu achava que esse esforço extraordinário por si só já deveria ter rendido a Mark o crédito de corroteirista, mas toda vez que eu mencionava o assunto, ele se recusava.) O problema era que eu ainda não conseguia entender sobre o que a história seria. Sim, queríamos que o Capitão e o Deathlok parassem o Comando N, mas eu sempre escrevi de dentro para fora. Eu queria saber como seria a jornada interior dos personagens, do Deathlok em particular. (Eu tinha um domínio sobre Steve Rogers e sua psique; nessa época, eu conhecia Steve tão bem quanto conhecia meus melhores amigos.) Se eu não conseguisse destrancar aquela porta, não faria a história. Na verdade, depois de lutar com o material por um tempo, liguei para Mark e disse a ele que não conseguiria decifrá-lo. Ele não tentou me pressionar, não tentou (como outro editor poderia ter feito) me ditar um caminho a seguir. Ele simplesmente disse: ‘Ok, então não faremos isso’.

E, como costuma acontecer, assim que abandonei a ideia, a solução veio: a jornada de Deathlok era sobre identidade pessoal. Sobre um homem literalmente buscando e encontrando a si mesmo: reunindo os fragmentos de sua psique despedaçada. Assim que me deparei com isso, assim que entendi Luther Manning, toda a saga de três partes se completou. E Mark, como sempre, me permitiu contar a história à minha maneira. Tenho certeza de que, se tivesse a chance, ele teria feito diferente — mas respeitou minha voz e visão, deu um passo para trás e me deixou seguir minha inspiração. O resultado foi — para mim, pelo menos — o auge da minha colaboração com Zeck e Beatty. E não teria acontecido sem Gruenwald.

Obrigado, Mark, por tudo. Onde quer que você esteja no omniverso, saiba que você ainda é apreciado. E faz muita falta.”


J.M. DeMatteis

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